
Moldavita
Fragmento 1.505 (ct)g
- País: República Tcheca
- Classificação: Tectito Moldavita
- Queda observada: Não
Moldavita
A Moldavita é uma das gemas naturais mais intrigantes e cobiçadas do mundo, resultado direto de um evento cósmico que ocorreu há cerca de 15 milhões de anos. Tudo começou com o impacto de um meteorito colossal que atingiu o sul da Alemanha, formando a famosa cratera de Nördlinger Ries. A força desse impacto foi tão intensa que derreteu instantaneamente rochas da crosta terrestre, lançando esse material fundido à alta atmosfera. Durante a queda, o material resfriou-se rapidamente, solidificando-se em fragmentos vítreos que caíram a centenas de quilômetros do local do impacto, principalmente nas regiões da Boêmia e da Morávia, na atual República Tcheca, além de partes da Áustria e Alemanha. Esses fragmentos naturais, de coloração verde e aparência translúcida, receberam o nome de Moldavita, em homenagem à cidade de Moldauthein (hoje Moldava nad Lužnicí), onde foram identificados pela primeira vez pelo geólogo Armand Defrénoy.
No início, muitos acreditavam que as moldavitas eram apenas pedaços de vidro de garrafa, dada a semelhança na cor, mas essa hipótese foi descartada conforme novas descobertas surgiam longe de qualquer sinal de atividade humana antiga. Durante algum tempo, também se pensou que pudessem ser um tipo de obsidiana, mas a composição química da moldavita revelou-se muito diferente: rica em sílica (SiO₂) e com proporções específicas de alumínio, ferro, cálcio, sódio, potássio, magnésio e titânio, o que afastou completamente a origem vulcânica. Hoje, o consenso científico é claro: trata-se de uma tectita, ou seja, um vidro natural formado por impacto de meteorito, o que faz da moldavita uma verdadeira testemunha de um evento de magnitude planetária.
A sua coloração verde, que varia entre o verde oliva e o verde musgo, combinada com o brilho vítreo e inclusões naturais, confere à moldavita um visual único, que nenhuma outra pedra possui. Cada fragmento possui formas e texturas próprias, algumas com contornos esculpidos pela erosão natural e pela ação dos ventos e da temperatura extrema no momento do resfriamento. Essas características tornam cada moldavita uma peça singular, amplamente valorizada por colecionadores, gemologistas e joalheiros.
As moldavitas mais belas e desejadas do mundo são originárias de localidades muito específicas na República Tcheca. Entre elas, destaca-se Besednice, famosa por produzir peças conhecidas como “ouriços”, com formas altamente ornamentais e delicadas – verdadeiras obras de arte naturais. Outras regiões de destaque incluem Maly Chlum, Krasejovka, Locenice, Nesmen, Brusna, Lhenice, Jankov, D. Lhotka, Vrabce e toda a região da Morávia, cada uma oferecendo moldavitas com variações únicas em cor, transparência e textura, tornando cada origem reconhecível por suas características próprias.
Além de seu valor científico e estético, a moldavita tem ganhado destaque também no mercado de joias finas. Ela é lapidada e usada em anéis, pingentes, brincos e peças ornamentais, sendo considerada uma pedra preciosa de energia mística e símbolo de transformação. Seu apelo vai muito além da beleza: é uma joia nascida do fogo e da velocidade de um impacto sideral, carregando consigo história, ciência e mistério. Ter uma moldavita é possuir um pedaço do passado mais violento e fascinante da Terra – uma conexão direta entre o céu e a Terra, cristalizada em forma de arte natural.

Tectito
Tectitos (do grego tektos, fundido) são pequenas rochas de vidro com dimensões de até alguns centímetros e que a maioria dos cientistas crê terem sido formadas na sequência de impactos de grandes meteoroides.
Com o impacto, os materiais terrestres são fundidos e projetados a distâncias de até centenas de quilómetros, arrefecendo e solidificando durante o seu trajeto no ar. Apesar de um impacto de um meteorito ser necessário à sua formação, os tectitos são formados a partir de material terrestre e não de materiais extraterrestres, como frequentemente é dito. Têm cor negra ou verde translúcida, com formas variáveis, incluindo, aerodinamicamente arredondados, discoid, gota, halter ou irregular.
Os tectitos são designados com base no local em que foram encontrados e estão associados a uma cratera de impacto. Como exemplo, os tectitos encontrados na República Checa são chamados moldavitos e estão associados à Cratera de Nördlingen.
Atualmente são conhecidos em todo o mundo quatro campos de dispersão de tectitos, mas apenas três deles foram associados a uma dada cratera.
Indicam-se abaixo alguns tipos de tectitos, agrupados nos quatro campos de dispersão conhecidos:
- Campo de dispersão europeu (cratera de Nördlinger, Alemanha, idade: 15 milhões de anos):
- Moldavitos (República Checa, verdes)
- Moldavitos (República Checa, verdes)
- Campo de dispersão australasiático (maior região de espalhamento de tektitos. Sem cratera associada identificada; veja cratera de Wilkes Land):
- Australitos (Austrália, escuros, sobretudo pretos)
- Indochinitos (Sudeste Asiático, escuros, sobretudo pretos)
- Rizalitos ou Filipitos (Filipinas, escuros, sobretudo pretos com ranhuras "U" características)
- Chinitos (China, pretos)
- Campo de dispersão norte-americano (Cratera de impacto da Baía de Chesapeake, Estados Unidos, idade: 34 milhões de anos):
- Bediasitos (Estados Unidos, Texas, pretos)
- Georgiaitos (Estados Unidos, Geórgia, verdes)
- Campo de dispersão da Costa do Marfim (cratera do Lago Bosumtwi, Gana, idade: 1 milhão de anos):
- Ivoritos (Costa do Marfim, pretos)
- Ivoritos (Costa do Marfim, pretos)
Tal como a obsidiana, também os tectitos foram utilizados desde há milhares de anos no fabrico de utensílios, e em usos decorativos e rituais. Os impactos de meteoritos produzem também os chamados vidros de impacto. Porém, ao contrário do que sucede com os tectitos, estes não são projetados para longe da cratera, permanecendo antes nesta.