Amgala 001

Fatia 0.192g

  • País: Western Sahara
  • Ano achado: 2022
  • Classificação: Acondrito Marciano Shergotito
  • Massa total: 0,034 kg
  • Queda observada: Não
R$ 199,00
Amgala 001

O meteorito Amgala 001 é um raro e extraordinário fragmento do planeta Marte, classificado como uma shergottite olivina-fírica, um tipo de meteorito ígneo formado nas profundezas do interior marciano. Sua descoberta recente, no final de dezembro de 2022, trouxe à Terra um novo e valioso exemplar do material rochoso marciano, oferecendo aos cientistas e colecionadores a oportunidade única de estudar — e possuir — um pedaço literal do Planeta Vermelho.

As primeiras massas de Amgala 001 foram encontradas perto de Meharrize, no noroeste do Saara, em uma área já conhecida por achados excepcionais. Diversos exemplares foram coletados em conjunto, somando dezenas de quilos. O maior indivíduo, com 5,2 kg, foi adquirido por Said Muftah Bachir e Ziyao Wang, que juntos obtiveram cerca de 12 kg de material bruto. Em paralelo, o caçador de meteoritos Mark Lyon comprou 19,165 kg adicionais por meio de revendedores distintos, e Aziz Habibi adquiriu mais 3,5 kg de outro comerciante local. Até o momento, a massa total recuperada ultrapassa os 34 kg, tornando este um dos maiores achados de rochas marcianas dos últimos anos — ainda que cada fragmento permaneça incomparável em valor científico e colecionável.

As pedras externas apresentam coloração marrom nodosa, evidenciando desgaste e exposição ao ambiente desértico. Ao serem cortadas, revelam um interior cinza-esverdeado fresco, com fenocristais escuros de olivina nitidamente visíveis. Essa aparência distinta reforça sua origem ígnea, remetendo a processos de cristalização profunda ocorridos sob a crosta marciana, há milhões de anos.

Estudos petrografados conduzidos por especialistas como A. Irving (University of Washington) e P. Carpenter (Washington University in St. Louis) revelaram que o meteorito é composto por fenocristais zonados de olivina, com até 2 mm de comprimento, embutidos em uma matriz de clinopiroxênio prismático zonado e maskelinita tipo ripa. Também estão presentes minerais acessórios importantes como feldspato alcalino, pirrotita, cromita rica em titânio, ulvöspinel, baddeleyita, ilmenita e clorapatita. Além disso, finas veias de choque opacas e veias secundárias preenchidas por calcita atravessam a rocha, indicando uma longa história de impacto e alterações pós-formação na superfície de Marte.

Do ponto de vista geoquímico, Amgala 001 exibe ampla variação composicional: olivina com Fa31,7–56,6, clinopiroxênio (pombonita) com Fs27,7–48,4Wo10,4–9,8 e augita subcalcificada com Fs20,7–30,4Wo32,5–34,6. A maskelinita apresenta valores típicos de plagioclásio marciano, com An47,4–50,5, e o feldspato alcalino mostra uma composição com Ab49,4Or34,0An16,7 — assinaturas químicas perfeitamente compatíveis com amostras estudadas por missões como Spirit, Opportunity e Curiosity em Marte.

A classificação formal de Amgala 001 é shergottite olivina-fírica, um tipo raro de meteorito marciano que se cristalizou a partir de magma, provavelmente em erupções basálticas profundas ou câmaras magmáticas estáveis. A presença de minerais como maskelinita e olivina zonada indica um rápido resfriamento seguido por choques intensos, possivelmente durante os eventos de impacto que ejetaram o material para fora do planeta.

Com uma origem confirmadamente marciana, Amgala 001 é mais do que uma raridade científica — é uma conexão direta e tangível com outro mundo. Cada fragmento carrega consigo a história geológica de Marte, desde seu interior até os eventos violentos que o lançaram ao espaço e, finalmente, o trouxeram até nosso planeta. Seja em coleções particulares, em museus ou em laboratórios de pesquisa, esse meteorito representa um verdadeiro tesouro interplanetário, capaz de fascinar tanto pela sua estética quanto pelo seu valor científico incomparável.

Ter um exemplar de Amgala 001 é mais do que colecionar uma rocha: é guardar um pedaço da história de Marte, tocando com as mãos um vestígio autêntico de um mundo distante — ainda inexplorado por seres humanos, mas agora, acessível em forma de pedra.

Acondrito

Os acondritos são meteoritos rochosos que se distinguem por não apresentarem côndrulos, aquelas pequenas esferas milimétricas de silicato características dos condritos. A ausência de côndrulos indica que essas rochas passaram por processos geológicos mais complexos, como fusão parcial, diferenciação e cristalização de magma, o que as aproxima muito das rochas ígneas encontradas na Terra. Diferente dos sideritos, que representam o material denso e metálico do núcleo de corpos planetários, os acondritos são originários das regiões externas — como o manto e a crosta — de planetesimais e asteroides que, nos primórdios do Sistema Solar, foram suficientemente grandes para passar por processos de diferenciação. Quando esses corpos se formaram a partir da nebulosa solar, o calor gerado por impactos e decaimento de elementos radioativos derreteu seus interiores, permitindo a separação dos elementos mais pesados e leves. Os materiais metálicos migraram para o centro, enquanto os silicatos deram origem a lavas e rochas ígneas nas camadas mais externas. Os acondritos são, portanto, fragmentos dessas crostas e mantos, e fornecem uma visão única da atividade geológica em corpos extraterrestres primitivos.

Dentro da grande categoria dos acondritos, existem vários subgrupos distintos, cada um associado a diferentes corpos parentais e processos geológicos. Os acondritos primitivos, como as acapulcoitas e lodranitas, são uma transição entre condritos e rochas totalmente diferenciadas. Eles preservam características químicas do material original da nebulosa, mas passaram por aquecimento suficiente para fundir parcialmente e eliminar os côndrulos. Já as brachinitas são acondritos extremamente ricos em olivina e representam um tipo de manto primitivo. As ureilitas são outro tipo peculiar, com alto teor de carbono, grafite e até diamantes microscópicos, provavelmente formados por impacto. Entre os acondritos diferenciados mais estudados estão os do grupo HED: howarditas, eucritas e diogenitas. Eles têm origem no asteroide 4 Vesta e representam diferentes profundidades da crosta e do manto desse corpo. As eucritas são basaltos de superfície, as diogenitas vêm de camadas mais profundas e as howarditas são brechas formadas por colisões que misturaram os dois tipos. Outras classes importantes são os angritos, que têm uma mineralogia única e provavelmente se formaram em planetesimais distintos, e os aubritos, ricos em enstatita e com aparência muito clara, derivados de asteroides extremamente reduzidos.

Também fazem parte dos acondritos os meteoritos lunares e marcianos. Os meteoritos lunares são fragmentos arrancados da crosta da Lua por grandes impactos e que viajaram pelo espaço até atingir a Terra. São compostos por basalto, anortosito e outros tipos de rochas semelhantes às amostras trazidas pelas missões Apollo, e ajudam a ampliar nosso conhecimento sobre regiões não visitadas da Lua. Os meteoritos marcianos, por sua vez, são extremamente raros e valiosos. Eles compartilham com as análises feitas por sondas em Marte a mesma composição isotópica de gases aprisionados, especialmente o argônio, e nos fornecem informações preciosas sobre o vulcanismo, a presença de água e as condições atmosféricas do planeta vermelho em diferentes épocas. Essas amostras nos contam que Marte foi geologicamente ativo por bilhões de anos. Entre os marcianos há três grupos principais: as shergottitas, basaltos ricos em piroxeno; as nakhlitas, formadas por clinopiroxeno e com evidência de interação com água; e as chassignitas, compostas predominantemente por olivina.

Os acondritos, apesar de não representarem a maior parte dos meteoritos encontrados, são verdadeiros arquivos geológicos que documentam a história dos processos ígneos no Sistema Solar. Por sua semelhança com as rochas terrestres, eles também funcionam como pontes para compreendermos como nosso próprio planeta evoluiu desde seus primeiros estágios. Cada acondrito é uma peça-chave em um quebra-cabeça cósmico que revela como pequenos corpos primordiais deram origem a mundos inteiros — e como esses mundos foram moldados por calor, tempo e colisões. Para cientistas e colecionadores, são relíquias de um passado distante e silencioso, guardando em seus minerais as pistas da origem e evolução dos planetas.