
Jbilet Winselwan
Fatia 1.750g
- País: Western Sahara
- Ano achado: 2013
- Classificação: Condrito Carbonáceo CM2
- Massa total: 6 kg
- Queda observada: Não
Jbilet Winselwan
Em meio à vastidão do deserto ocidental do Saara, próximo à cidade de Smara, na região disputada do Saara Ocidental, um achado silencioso mas monumental foi feito no início de junho de 2013: um raro meteorito carbonáceo, posteriormente classificado como do tipo CM2, uma das categorias mais primitivas e cientificamente valiosas da meteoritologia. O primeiro a relatar o achado foi o caçador de meteoritos A. Bouferra, de Smara, e a notícia rapidamente se espalhou, atraindo dezenas de outros caçadores à região durante o verão daquele ano.
Com uma massa total estimada em cerca de 6 kg, o meteorito foi fragmentado em pedaços de diversos tamanhos, desde pequenos grãos de 3 a 10 g, passando por fragmentos médios de até 200 g, até raras e cobiçadas peças maiores, como uma de aproximadamente 900 g. Muitos desses fragmentos apresentam crosta de fusão fresca, negra e vítrea, resultado da intensa fricção atmosférica, enquanto seus interiores revelam um contraste surpreendente: matriz preta salpicada de côndrulos claros, uma assinatura inconfundível de sua origem ancestral.
O que torna esse meteorito especialmente importante é seu pertencimento ao grupo dos carbonáceos CM2, rochas que preservam material orgânico e minerais hidratados formados nos primórdios do Sistema Solar, há mais de 4,5 bilhões de anos. Essas rochas jamais passaram por metamorfismo térmico significativo, o que significa que carregam em si a química original da nebulosa solar, incluindo água, aminoácidos, compostos orgânicos complexos e inclusões refratárias (CAIs) — alguns dos primeiros sólidos a se formarem ao redor do jovem Sol.
Petrograficamente, o meteorito contém uma rica variedade de côndrulos tipo I e II, incluindo os tipos BO-PO e olivina-piroxênio, bem como áreas dominadas por matriz fina com granulação muito pequena. Os tamanhos dos côndrulos chegam a 1,2 mm, e inclusões de CAIs alcançam 800 μm. Estudos de difração de raios-X indicam a presença de serpentina, esmectita e tochilinita, evidências de processos de alteração aquosa em seu corpo parental, provavelmente um asteroide rico em gelo.
Geoquimicamente, a olivina apresenta uma variação ampla de Fa0,98±0,44 até Fa40, e o piroxênio entre Fs2,6 a Fs61, indicando a coexistência de grãos primitivos e altamente alterados. Isotopicamente, os valores de Δ¹⁷O negativos (média de -4,05) reforçam sua natureza extraterrestre e primitiva, alinhando-se perfeitamente com os campos isotópicos típicos de CM2 carbonáceos, como o lendário Murchison.
A importância desse meteorito vai além de sua raridade. Ele oferece à ciência uma janela direta para os processos que antecederam a formação da Terra. Com seus compostos orgânicos e minerais hidratados, ele pode conter pistas sobre a origem da água terrestre e até sobre os blocos fundamentais da vida. Meteoritos como este são, em essência, livros abertos do início da história do Sistema Solar, escritos em minerais que resistiram à passagem do tempo e às turbulências planetárias.
Hoje, fragmentos desse achado estão espalhados por coleções científicas ao redor do mundo, incluindo a Universidade do Novo México (UNM), o Muséum National d'Histoire Naturelle de Paris (MNHNP), o Center for Meteorite Studies da ASU, além de colecionadores como Michael Farmer e Luc Labenne. Mas seu valor transcende o mercado: trata-se de um tesouro cósmico, uma peça do quebra-cabeça sobre como a matéria interestelar evoluiu até se transformar nos planetas e na vida que conhecemos hoje.

Condrito
Representam o tipo mais comum de meteoritos e guardam em seu interior informações que ajudam os cientistas a desvendar a formação do sistema solar. O termo “condrito” é originado de “côndrulos”, que correspondem a pequenas formações em forma de grânulos envoltos em uma matriz sólida. Esses grânulos representam a matéria primordial da nuvem de gás que originou o sistema solar com todos os planetas e o sol. O material contido nesses meteoritos é praticamente idêntico ao material encontrado no sol com exceção dos materiais leves como hidrogênio e hélio. Assim, os meteoritos condritos são de fundamental importância para a ciência, pois permite abrir uma janela ao passado de 4.5 bilhões de anos e analisar as substâncias e estruturas primitivas presentes nesse estágio de evolução do sistema solar.
Classificação Petrológica dos Condritos
Ausentes 1 |
Esparsos 2 |
Abundantes Distintos 3 |
4 | Indistintos 5 |
6 | ||
Ordinários(OC) |
H |
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L |
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LL |
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Carbonaceos (C) |
CI |
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CM |
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CR |
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CO |
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CV |
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CK |
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Rumuritos (R ) |
R |
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Estantitos (E) |
EH |
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EL |
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Condritos Ordinários (OC)
Condritos Enstatitos (E)
Condritos Rumurutitos (R)
Condritos Carbonáceos (C)
Teoria de formação dos côndrulos:
A teoria mais aceita diz que os côndrulos seriam a poeira que ficava mais próxima ao Sol e que, quando ele começou a produzir calor acabou derretendo e formou pequenas gotículas que depois foram sopradas pelo vento solar e acabaram se resfriando e se misturando com o resto da poeira e com os flocos de metal (que originaram a matriz dos meteoritos). Outra teoria mais recente diz que o aquecimento também pode ter ocorrido devido a indução de correntes elétricas na poeira (que tinha alta resistência e por isso aqueciam) devido ao forte campo magnético do Sol. Mais estudos estão sendo feitos, mas é possivel que ambos os efeitos possam ter ocorrido.