
Morasko
Fatia 8.8g
- País: Polônia
- Classificação: Siderito IAB Complexo
- Massa total: 290 kg
- Queda observada: Não
Morasko
No norte da Polônia, às margens da cidade de Poznań, encontra-se um dos mais fascinantes sítios meteóricos do mundo: a Reserva Natural de Meteoritos de Morasko. Neste local histórico e geológico, repousam sete crateras de impacto formadas por colisões cósmicas há cerca de 5.000 anos, variando de 25 a 60 metros de diâmetro. O mais impressionante é que cinco dessas crateras hoje são lagoas permanentes, discretos espelhos d’água que ocultam em sua origem um violento passado celeste.
A história do meteorito Morasko teve início em 1914, durante a Primeira Guerra Mundial, quando soldados alemães cavando trincheiras descobriram acidentalmente uma massa de ferro de 77,5 kg. O espécime foi levado inicialmente para Berlim, mas mais tarde foi incorporado à coleção científica da Universidade de Poznań. Desde então, diversos fragmentos adicionais foram recuperados na região, alguns deles entre os exemplares mais estéticos e bem preservados de meteorito metálico já encontrados — uma raridade, sobretudo por estarem diretamente associados a crateras ainda visíveis, o que é extremamente incomum na meteoritologia mundial.
O meteorito Morasko pertence ao grupo dos ferros silicáticos IAB, um tipo especial de meteorito metálico que, ao contrário dos ferros comuns derivados de núcleos derretidos de asteroides, acredita-se que tenha se formado próximo à superfície de corpos condríticos, após um imenso impacto primitivo — seguido, muito possivelmente, por um segundo evento catastrófico. Sua estrutura interna é revelada ao ser gravada com ácido: uma padrão de Widmanstätten de granulação grosseira, típico de octaedritos recristalizados, com traços de reaquecimento e deformação por choque, evidências claras de sua associação com um evento formador de cratera.
Entre os minerais presentes, destaca-se a schreibersita, um fosfeto de ferro e níquel de imenso interesse astrobiológico. Muitos cientistas sustentam a hipótese de que impactos de meteoritos metálicos ricos em schreibersita, como o Morasko, podem ter sido responsáveis por entregar o fósforo reativo necessário à origem da vida na Terra. Em um planeta jovem, onde o fósforo estava aprisionado em minerais insolúveis, a schreibersita oferecia uma forma bioquimicamente acessível desse elemento essencial — um elo crucial entre geologia e biologia primordial.
O meteorito Morasko não é apenas uma rocha espacial; ele é um mensageiro de uma era turbulenta do Sistema Solar, onde colisões eram constantes e moldavam não só asteroides e planetas, mas também as condições que permitiram o surgimento da vida. Ter um fragmento de Morasko nas mãos é como segurar um pedaço da história da Terra — e da própria vida — forjado no caos das primeiras eras do cosmos. E mais do que isso: é fazer parte de um raro capítulo onde a ciência, a beleza natural e a história cósmica convergem em um só lugar, nas florestas tranquilas e crateras esquecidas de Morasko.

Siderito
Assim como os acondritos, os sideritos são provenientes de corpos parentais cuja matéria primordial sofreu diferenciação. Este material, originário da nebulosa que formou o sistema solar e presente nos meteoritos condritos, sofreu a ação gravitacional ao longo de bilhões de anos dando origem a todos os corpos que conhecemos hoje no sistema solar como o sol, planetas, asteróides, etc. Os sideritos são meteoritos provenientes do núcleo desses corpos parentais onde o material mais pesado se concentrou como o Ferro e Níquel. Apesar de haver um grande número de meteoritos ferrosos já catalogados, a grande maioria não teve a sua queda observada. Somente uma pequena parcela das quedas observadas corresponde a meteoritos sideritos, a grande maioria é representada pelos condritos. Levando-se a conclusão que os meteoritos ferrosos são relativamente mais raros que os rochosos em nosso sistema solar.
Classe estrutural
|
Símbolo
|
Camacita [mm]
|
Níquel
[%] |
Grupo químico relacionado
|
Hexaedritos
|
H
|
> 50
|
4.5 – 6.5
|
IIAB, IIG
|
Octaedrito Muito Grosseiro
|
Ogg
|
3.3 – 50
|
6.5 – 7.2
|
IIAB, IIG
|
Octaedrito Grosseiro
|
Og
|
1.3 – 3.3
|
6.5 – 8.5
|
IAB, IC, IIE, IIIAB, IIIE
|
Octaedrito Médio
|
Om
|
0.5 – 1.3
|
7.4 – 10
|
IAB, IID, IIE, IIIAB, IIIF
|
Octaedrito Fino
|
Of
|
0.2 – 0.5
|
7.8 – 13
|
IID, IIICD, IIIF, IVA
|
Octaedrito Muito Fino
|
Off
|
< 0.2
|
7.8 – 13
|
IIC, IIICD
|
Octaedrito Plessítico
|
Opl
|
< 0.2
|
9.2 – 18
|
IIC, IIF
|
Ataxito
|
D
|
-
|
> 16
|
IIF, IVB
|