Atacamaito

Individual 1.718g

  • País: Chile
  • Ano achado: 2012
  • Classificação: Tectito Atacamaito
  • Queda observada: Não
Atacamaito

Os Atacamaites são um dos vidros de impacto mais raros e fascinantes já descobertos, formados a partir de um evento cósmico extremamente energético que ocorreu há aproximadamente 7,8 milhões de anos. Esses fragmentos vítreos naturais surgem como testemunhas silenciosas de um passado violento da Terra, em meio às vastas e áridas paisagens do Deserto do Atacama, no norte do Chile. Com aparência semelhante aos tektitos, os atacamaites se destacam não apenas pela sua beleza, mas também por suas características únicas de formação e composição.

Produzidos pela fusão instantânea da crosta terrestre causada pelo impacto de um meteorito de ferro, os atacamaites são compostos majoritariamente por dióxido de silício (SiO₂), o que lhes confere uma estrutura vítrea pura e homogênea. Durante o impacto, o calor intenso derreteu rochas e sedimentos, lançando esse material derretido em uma cortina de ejetos a grandes altitudes. Conforme esses fragmentos eram arremessados para o céu, o resfriamento rápido os moldava em formas únicas — gotas, ligamentos e blocos vítreos — que hoje compõem a diversidade morfológica dos atacamaites.

O que torna os atacamaites ainda mais intrigantes é o fato de que sua cratera de origem permanece desconhecida, o que desperta o interesse de geólogos e caçadores de meteoritos em todo o mundo. As evidências sugerem que a estrutura original pode estar oculta sob sedimentos, cinzas vulcânicas ou até fluxos de lava, em uma região marcada por intensa atividade geológica. Ainda que algumas hipóteses tenham sido levantadas — como a Cratera Monturaqui, situada a cerca de 185 km do campo de dispersão — análises mais recentes descartam essa conexão devido à diferença de idade e tipo de material. A busca pela cratera-mãe dos atacamaites segue em aberto, alimentando o mistério em torno desses corpos vítreos.

Do ponto de vista técnico, os atacamaites atendem a todos os critérios para serem considerados tektitos: são holohialinos (totalmente vítreos), apresentam superfícies moldadas por tensão superficial e foram ejetados balisticamente. No entanto, sua morfologia e variações de textura e cristalização os colocam em uma posição de transição entre os tektitos clássicos e outros tipos de vidros de impacto proximais, como os Irghizites (do Cazaquistão), o Darwin Glass (da Tasmânia) e os vidros da Cratera de Lonar (Índia). Em alguns casos, até cristalitos microscópicos são encontrados nos atacamaites, indicando possível contaminação por material meteorítico, o que os torna ainda mais valiosos e únicos.

As formas dos atacamaites são incrivelmente variadas. Fragmentos mais distantes da zona de impacto apresentam morfologias suavemente aerodinâmicas, enquanto aqueles mais próximos da origem mostram estruturas plásticas, com deformações típicas de resfriamento rápido e ejeção em alta velocidade. Suas cores variam entre tons de preto intenso, verde escuro e oliva, com brilho vítreo que destaca sua origem extraterrestre e sua jornada atmosférica.

Em termos científicos, os atacamaites representam uma oportunidade única para entender os processos físicos de impactos cósmicos de pequena e média escala. Eles ajudam a distinguir entre os produtos de impactos menores, que formam corpos vítreos com contaminação mais elevada e morfologias compactas, e impactos maiores, que produzem tektitos clássicos em grande escala e formas perfeitamente aerodinâmicas.

Além de seu valor para a ciência planetária, os atacamaites têm despertado a atenção de colecionadores, joalheiros alternativos e místicos por sua beleza natural, origem energética e suposta conexão com forças transformadoras. Ter um fragmento de atacamaite em mãos é possuir um pedaço sólido de história geológica, um material que uniu terra e céu sob pressões extremas, um vestígio tangível do impacto de um corpo celeste sobre nosso planeta.

Poucos materiais naturais são tão raros, tão antigos e tão ricos em significado quanto os atacamaites. São joias moldadas pelo fogo cósmico, esculpidas por pressões extremas e lapidadas pelo tempo e pelo acaso. Adquirir um atacamaite é mais do que adicionar um item à coleção — é integrar à sua vida um fragmento de um evento que mudou para sempre a superfície da Terra.

Tectito

Tectitos (do grego tektos, fundido) são pequenas rochas de vidro com dimensões de até alguns centímetros e que a maioria dos cientistas crê terem sido formadas na sequência de impactos de grandes meteoroides.

Com o impacto, os materiais terrestres são fundidos e projetados a distâncias de até centenas de quilómetros, arrefecendo e solidificando durante o seu trajeto no ar. Apesar de um impacto de um meteorito ser necessário à sua formação, os tectitos são formados a partir de material terrestre e não de materiais extraterrestres, como frequentemente é dito. Têm cor negra ou verde translúcida, com formas variáveis, incluindo, aerodinamicamente arredondados, discoid, gota, halter ou irregular.

Os tectitos são designados com base no local em que foram encontrados e estão associados a uma cratera de impacto. Como exemplo, os tectitos encontrados na República Checa são chamados moldavitos e estão associados à Cratera de Nördlingen.
 

Atualmente são conhecidos em todo o mundo quatro campos de dispersão de tectitos, mas apenas três deles foram associados a uma dada cratera.

Indicam-se abaixo alguns tipos de tectitos, agrupados nos quatro campos de dispersão conhecidos:
 

  • Campo de dispersão australasiático (maior região de espalhamento de tektitos. Sem cratera associada identificada; veja  cratera de Wilkes Land):
    • Australitos (Austrália, escuros, sobretudo pretos)
    • Indochinitos (Sudeste Asiático, escuros, sobretudo pretos)
    • Rizalitos ou Filipitos (Filipinas, escuros, sobretudo pretos com ranhuras "U" características)
    • Chinitos (China, pretos)
       
  • Campo de dispersão norte-americano (Cratera de impacto da Baía de Chesapeake, Estados Unidos, idade: 34 milhões de anos):
    • Bediasitos (Estados Unidos, Texas, pretos)
    • Georgiaitos (Estados Unidos, Geórgia, verdes)
       
  • Campo de dispersão da Costa do Marfim (cratera do Lago Bosumtwi, Gana, idade: 1 milhão de anos):
    • Ivoritos (Costa do Marfim, pretos)
       

Tal como a obsidiana, também os tectitos foram utilizados desde há milhares de anos no fabrico de utensílios, e em usos decorativos e rituais. Os impactos de meteoritos produzem também os chamados vidros de impacto. Porém, ao contrário do que sucede com os tectitos, estes não são projetados para longe da cratera, permanecendo antes nesta.