Análise
Análise de Meteoritos
Meteoritos são fragmentos de corpos remanecentes da formação do sistema solar, que eventuamente sobrevivem à passagem pela atmosfera terrestre e chegam à supefície do nosso planeta. Eles podem ser achados ao acaso, despretenciosamente por alguém que esteja fazendo algum trabalho em campo, como procurando ouro com detector de metais, ou arando a terra para plantio. Eles também podem ter sua queda presenciada por testemunhas, que eventualmente fazem a sua coleta após a queda.
Se você acredita que tenha encontrado um possivel meteorito, seja no solo por acaso ou mesmo tendo presenciado a sua queda, recomendo primeiramente que faça algumas análises escritas nesse meu artigo Essa Pedra é um Meteorito?
Se você ainda acredita que possa ter encontrado um meteorito após essas análises iniciais, eu poderei auxiliar na identificação, análise química, classificação e, posteriormente, na oficialização junto ao Comitê de Nomenclatura da Sociedade Meteorítica. Após esse processo um meteorito é batizado e constará em um banco de dados mundial de meteoritos chamado Meteoritical Bulletin Database, que pode ser acessado aqui.
O primeiro passo é enviar fotos com boa iluminação e qualidade por email ou whatsapp (favor não ligar ou mandar audio!). Recebo inúmeras consultas sobre possíveis meteoritos e realizo esse trabalho de identificação de forma gratuita (voluntária), então tenha paciencia caso demore um pouco para responder.
O segundo passo será o envio de amostras somente se for requisitado, ou seja, caso tenha passado na análise por fotos. Nesse caso irei fornecer um endereço para envio do material.
Infelizmente menos de 1% das amostras recebidas são meteoritos autênticos e a grande maioria são popularmente chamamos de "mentioritos" (meteoritos de mentira). Há um termo em inglês chamado meteowrong, que tem um significado similiar na língua Inglesa. Logo, não fique chateado se a sua amostra não for realmente um meteorito e seu sonho de vendê-lo por um bom dinheiro não se concretizar. Geralmente a segunda pergunta que me fazem caso não seja um meteorito é: que pedra é essa? Se você realmente quer saber que tipo de rocha ou mineral terrestre você tem em mãos, recomendo que procure alguma instituição de ensino de geologia ou mesmo alguma empresa que faça análise de minerais, pois meu foco são apenas os meteoritos. Lembre-se também que boa parte dos pesquisadores também exerce a função de identificação de maneira voluntária (não ganham nada com isso) e, se você quer ter um tratamento VIP na identificação da sua rocha terrestre, recomendo que pague algum serviço especializado de identificação.
Amostra para análise
Para realizar a análise dos meteoritos são necessários vários procedimentos como a confecção de lâminas petrográficas (ou metalográficas no caso de sideritos), confecção de embutidos para ICP-MS (Espectrometria de massa por plasma acoplado indutivamente e Ablação a Laser ou Inductively coupled plasma mass spectrometry), material para análises destrutivas como INAA (Análise por Ativação com Nêutrons Instrumental ou Instrumental Neutron Activation Analysis), etc. Além do material utilizado na análise propriamente dita, são necessárias pelo menos 20g do meteorito que devem ser depositados em uma instituição credenciada para que o meteorito possa sar oficializado junto à Sociedade Meteoritica. Para meteoritos de ferro é necessária também uma amostra com boa área de corte e ferro a amostra de pelo menos 3 cm x 3 cm, caso contrário a analise metalográfica fica inviablizada, pois nessa etapa é estudada a estrutura interna do material. Devido a essas necessidades o mínimo de material a ser enviado deverá ser de 100g para iniciar as análise e o processo de oficialização. No Brasil temos 3 instituições credenciadas como repositórios da amostra tipo de meteoritos: Museu Nacional, UNICAMP e USP.
Análise de meteoritos de ferro ou sideritos
A análise de meteoritos de ferro ou sideritos envolve a confecção de lâminas metalográficas, análise em microscópio ótico metalográfico e análises químicas muito precisas utilizando ICP-MS ou INAA. Realizamos a análise química no país em parceria com a UNICAMP, através de uma técnica pioneira utilizando o LA-ICP-MS. Caso haja indisponibilidade desta possibilidade de análise, também é possível realizar análises em junto a laboratórios parceiros no exterior, tanto utilizando o ICP-MS como o INAA . Eventualmente poderá haver custos.
Análise de meteoritos rochosos
A análise de meteoritos rochosos envolve a confecção de lâminas petrográficas, análise de petrografia em microscópio ótico petrográfico e utilização da Microssonda Eletrônica (EPMA ou Electron Probe Microanalyzers) para análises quimicas. Temos alguns parceiros que podem realizar as análises quimicas como a UFRJ, USP ou UFOP. Eventualmente poderá haver custos.
Meteoritos analisados
Atuei na oficialização dos seguintes meteoritos e hoje podem ser consultados no banco de dados da Sociedade Meteorítica:
Meteorito | Classificação | Localidade | Ano pesquisa | Repositório |
UNDER CLASSIFICATION | UNDER CLASSIFICATION | Piauí | 2024 | TBD |
UNDER CLASSIFICATION | UNDER CLASSIFICATION | Amazonia | 2024 | TBD |
UNDER CLASSIFICATION | UNDER CLASSIFICATION | Goiás | 2024 | UNICAMP |
PENDING | H4/5 | Bahia | 2022 | Museu Nacional |
PENDING | H4 | Rio Grande do Norte | 2022 | Museu Nacional |
Caiapônia | Siderito, IAB-MG | Goiás | 2022 | Museu Nacional |
Augusto Pestana | Siderito, IIIE | Rio Grande do Sul | 2021 | UNICAMP |
Nova Olinda | Siderito, IIAB | Paraíba (primeiro) | 2021 | UNICAMP |
Conceicao do Toncantins | Siderito, IIAB | Tocantins | 2021 | UNICAMP |
Montes Claros de Goias | Condrito Ordinário, H5 | Goiás | 2020 | Museu Nacional |
Santa Filomena | Condrito Ordinário, H5-6 | Pernambuco | 2020 | Museu Nacional |
Parauapebas | Condrito Ordinário, H4-5 | Pará | 2019 | USP |
Nossa Senhora do Livramento | Siderito, IIIAB | Mato Grosso | 2018 | Museu Nacional |
Serra Pelada | Acondrito, Eucrito | Pará | 2017 | Museu Nacional |
Tres Irmaos | Condrito Ordinário, L6 | Bahia (primeira queda) | 2017 | Museu Nacional |
Aiquile | Condrito Ordinário, H5 | Bolívia (primeiro) | 2016 | Museu Nacional |
Huacachina | Condrito Ordinário, LL3 | Peru | 2014 | UNM |
Pontes e Lacerda | Sidrito, IIIAB | Mato Grosso (primeiro) | 2014 | Museu Nacional |
Cruz Alta | Siderito, IIAB | Rio Grande do Sul | 2013 | Museu Nacional |
Meteoritos brasileiros atualmente em análise: 4
Poster apresentado na reunião da Sociedade Meteoritica de 2022 sobre novos sideritos brasileiros
Nota de agradecimento do proprietário do meteorito Nova Olinda, Edsom Oliveira, pelo trabalho realizado com o seu meteorito: