NWA 11273

Fragmento 0.05g

  • País: Algeria
  • Ano achado: 2017
  • Classificação: Acondrito Lunar
  • Massa total: 2,81 kg
  • Queda observada: Não
NWA 11273

O NWA 11273 é um meteorito extraordinário que oferece uma verdadeira janela para a superfície da Lua. Descoberto próximo a Tindouf, na Argélia, esse espécime pertence a uma classe extremamente rara e cobiçada: trata-se de uma brecha de regolito feldspático lunar, fragmento arrancado da crosta da Lua por impactos antigos e lançado ao espaço até cruzar o caminho da Terra.

Visualmente, o NWA 11273 é fascinante. Sua textura é marcada por uma matriz de grão fino, rica em clastos minerais de anortita (um feldspato cálcico abundante na crosta lunar), olivina, piroxênios variados como piogenita e augita, além de cromita, espinela Ti-Cr-Fe, kamacita, taenite e troilita — uma combinação mineral que revela um passado de intenso bombardeio meteórico e fusões parciais. Pequenas vesículas e inclusões de barita aparecem na matriz, e clastos vítreos e basálticos pontuam a rocha, reforçando seu caráter de brecha regolítica — rocha formada por repetidas colisões e processos de compactação no solo lunar.

A análise geoquímica feita por A. Irving e S. Kuehner (UWS) mostra a complexidade desse meteorito: a olivina apresenta uma variação significativa (Fa8.7–59.7, com FeO/MnO = 89–111), enquanto os piroxênios — incluindo piogenita (Fs28.8Wo11.2), clinopiroxênio (Fs15.3Wo40.9) e lamelas exsolvidas de ortopiroxênio — indicam um ambiente de resfriamento lento e múltiplos eventos térmicos. A plagioclásio cálcica (An95.9–96.5), praticamente isenta de sódio e potássio, reforça a assinatura composicional da crosta lunar, especialmente do terreno de terras altas, que cobre grande parte da superfície do lado visível da Lua.

Como uma brecha de regolito, o NWA 11273 contém os vestígios de inúmeros impactos, capturando milhões de anos de história geológica lunar em uma única rocha. Esses meteoritos são altamente valorizados por cientistas porque representam o solo superficial da Lua, formado pela fragmentação, mistura e fusão de diferentes tipos de rochas sob bombardeamento constante de micrometeoritos e radiação solar.

Para colecionadores, o NWA 11273 é ainda mais desejável por seu apelo visual e origem direta da superfície lunar, algo extremamente raro e especial. É um fragmento real da Lua, que pode ser segurado nas mãos — algo que, fora das missões Apollo, apenas meteoritos lunares podem proporcionar. Ele conta a história de um mundo sem atmosfera, onde o tempo é esculpido por impactos, e cada grão carrega o silêncio profundo e milenar de nosso satélite natural.

Adquirir um fragmento como o NWA 11273 é não apenas obter uma peça de colecionador de valor científico e estético inestimável, mas também tocar um pedaço da Lua, preservado da ação terrestre, como um mensageiro direto de nosso vizinho celeste.

Acondrito

Os acondritos são meteoritos rochosos que se distinguem por não apresentarem côndrulos, aquelas pequenas esferas milimétricas de silicato características dos condritos. A ausência de côndrulos indica que essas rochas passaram por processos geológicos mais complexos, como fusão parcial, diferenciação e cristalização de magma, o que as aproxima muito das rochas ígneas encontradas na Terra. Diferente dos sideritos, que representam o material denso e metálico do núcleo de corpos planetários, os acondritos são originários das regiões externas — como o manto e a crosta — de planetesimais e asteroides que, nos primórdios do Sistema Solar, foram suficientemente grandes para passar por processos de diferenciação. Quando esses corpos se formaram a partir da nebulosa solar, o calor gerado por impactos e decaimento de elementos radioativos derreteu seus interiores, permitindo a separação dos elementos mais pesados e leves. Os materiais metálicos migraram para o centro, enquanto os silicatos deram origem a lavas e rochas ígneas nas camadas mais externas. Os acondritos são, portanto, fragmentos dessas crostas e mantos, e fornecem uma visão única da atividade geológica em corpos extraterrestres primitivos.

Dentro da grande categoria dos acondritos, existem vários subgrupos distintos, cada um associado a diferentes corpos parentais e processos geológicos. Os acondritos primitivos, como as acapulcoitas e lodranitas, são uma transição entre condritos e rochas totalmente diferenciadas. Eles preservam características químicas do material original da nebulosa, mas passaram por aquecimento suficiente para fundir parcialmente e eliminar os côndrulos. Já as brachinitas são acondritos extremamente ricos em olivina e representam um tipo de manto primitivo. As ureilitas são outro tipo peculiar, com alto teor de carbono, grafite e até diamantes microscópicos, provavelmente formados por impacto. Entre os acondritos diferenciados mais estudados estão os do grupo HED: howarditas, eucritas e diogenitas. Eles têm origem no asteroide 4 Vesta e representam diferentes profundidades da crosta e do manto desse corpo. As eucritas são basaltos de superfície, as diogenitas vêm de camadas mais profundas e as howarditas são brechas formadas por colisões que misturaram os dois tipos. Outras classes importantes são os angritos, que têm uma mineralogia única e provavelmente se formaram em planetesimais distintos, e os aubritos, ricos em enstatita e com aparência muito clara, derivados de asteroides extremamente reduzidos.

Também fazem parte dos acondritos os meteoritos lunares e marcianos. Os meteoritos lunares são fragmentos arrancados da crosta da Lua por grandes impactos e que viajaram pelo espaço até atingir a Terra. São compostos por basalto, anortosito e outros tipos de rochas semelhantes às amostras trazidas pelas missões Apollo, e ajudam a ampliar nosso conhecimento sobre regiões não visitadas da Lua. Os meteoritos marcianos, por sua vez, são extremamente raros e valiosos. Eles compartilham com as análises feitas por sondas em Marte a mesma composição isotópica de gases aprisionados, especialmente o argônio, e nos fornecem informações preciosas sobre o vulcanismo, a presença de água e as condições atmosféricas do planeta vermelho em diferentes épocas. Essas amostras nos contam que Marte foi geologicamente ativo por bilhões de anos. Entre os marcianos há três grupos principais: as shergottitas, basaltos ricos em piroxeno; as nakhlitas, formadas por clinopiroxeno e com evidência de interação com água; e as chassignitas, compostas predominantemente por olivina.

Os acondritos, apesar de não representarem a maior parte dos meteoritos encontrados, são verdadeiros arquivos geológicos que documentam a história dos processos ígneos no Sistema Solar. Por sua semelhança com as rochas terrestres, eles também funcionam como pontes para compreendermos como nosso próprio planeta evoluiu desde seus primeiros estágios. Cada acondrito é uma peça-chave em um quebra-cabeça cósmico que revela como pequenos corpos primordiais deram origem a mundos inteiros — e como esses mundos foram moldados por calor, tempo e colisões. Para cientistas e colecionadores, são relíquias de um passado distante e silencioso, guardando em seus minerais as pistas da origem e evolução dos planetas.