
Al Haggounia 001
Fatia 1.3g
- País: Saara Ocidental
- Ano achado: 2006
- Classificação: Condrito Enstatito EL-Melt
- Massa total: 3000 kg
- Queda observada: Não
Al Haggounia 001
Em meio ao calor escaldante e à vastidão árida do deserto do Saara Ocidental, próximo à localidade de Al Haggounia, no sul do Marrocos, um dos mais misteriosos e extensos campos de meteoritos já documentados começou a ser desvendado no início dos anos 2000. A região, já conhecida por seus achados excepcionais, foi palco da recuperação de várias toneladas de material meteórico, que passou a circular entre colecionadores, pesquisadores e comerciantes ao redor do mundo. Estima-se que mais de 3 toneladas já tenham sido encontradas, formando um dos maiores e mais enigmáticos campos espalhados conhecidos, com aproximadamente 40 km de extensão.
As rochas, apelidadas de Al Haggounia, não são como a maioria dos meteoritos tradicionais. Apresentam uma aparência marrom-enferrujada, altamente alterada, com textura que lembra uma brecha sedimentar, onde fragmentos distintos de rocha estão cimentados por óxidos de ferro e carbonatos. Sua composição visual remete mais a uma rocha terrestre do que a um corpo vindo do espaço — e é justamente essa ambiguidade que as torna tão intrigantes.
As características físicas dessas amostras variam amplamente. Os fragmentos vão desde pequenas lascas de poucos gramas até blocos com mais de 50 kg, muitos dos quais foram escavados a certa profundidade, indicando que a queda pode ter ocorrido há milhares ou até milhões de anos. As superfícies mostram forte alteração por intemperismo, evidenciada pela oxidação intensa, manchas amareladas de enxofre e uma coloração que varia de cinza azulado em áreas internas a tons ferruginosos nas zonas próximas às fraturas.
Além disso, as rochas são altamente porosas, com cavidades que vão desde alguns milímetros até vários centímetros de diâmetro — uma textura incomum que desafia a categorização simples. Esse aspecto levou muitos a considerarem a possibilidade de que se trate de um meteorito sedimentar ou, segundo algumas hipóteses, um tipo raro de material proveniente de um corpo diferenciado, talvez até de origem planetária.
A polêmica em torno da verdadeira natureza das amostras de Al Haggounia ainda persiste. Enquanto alguns pesquisadores sugerem que se trata de um condrito fortemente alterado, outros propõem que possa ser uma brecha sedimentar de origem marciana ou lunar, ou mesmo uma formação terrestre confundida com material meteórico. Ainda assim, parte do material já foi classificado como meteorito, o que reforça a importância de estudos contínuos sobre sua mineralogia, geoquímica e origem.
Independentemente de sua classificação definitiva, as rochas de Al Haggounia representam um capítulo fascinante da meteoritologia contemporânea. São testemunhos físicos de processos geológicos complexos, seja na Terra ou fora dela, e carregam consigo as marcas do tempo, do ambiente hostil do deserto e do impacto da curiosidade humana. Cada fragmento escavado das areias marroquinas é um pedaço de um quebra-cabeça cósmico — e talvez, de um enigma que ainda está longe de ser totalmente resolvido.

Condrito
Representam o tipo mais comum de meteoritos e guardam em seu interior informações que ajudam os cientistas a desvendar a formação do sistema solar. O termo “condrito” é originado de “côndrulos”, que correspondem a pequenas formações em forma de grânulos envoltos em uma matriz sólida. Esses grânulos representam a matéria primordial da nuvem de gás que originou o sistema solar com todos os planetas e o sol. O material contido nesses meteoritos é praticamente idêntico ao material encontrado no sol com exceção dos materiais leves como hidrogênio e hélio. Assim, os meteoritos condritos são de fundamental importância para a ciência, pois permite abrir uma janela ao passado de 4.5 bilhões de anos e analisar as substâncias e estruturas primitivas presentes nesse estágio de evolução do sistema solar.
Classificação Petrológica dos Condritos
Ausentes 1 |
Esparsos 2 |
Abundantes Distintos 3 |
4 | Indistintos 5 |
6 | ||
Ordinários(OC) |
H |
|
|
||||
L |
|
|
|||||
LL |
|
|
|||||
Carbonaceos (C) |
CI |
|
|
|
|
|
|
CM |
|
|
|
|
|
|
|
CR |
|
|
|
|
|
|
|
CO |
|
|
|
|
|
|
|
CV |
|
|
|
|
|
|
|
CK |
|
|
|
|
|
|
|
Rumuritos (R ) |
R |
|
|
|
|
|
|
Estantitos (E) |
EH |
|
|
|
|
|
|
EL |
|
|
|
|
|
|
Condritos Ordinários (OC)
Condritos Enstatitos (E)
Condritos Rumurutitos (R)
Condritos Carbonáceos (C)
Teoria de formação dos côndrulos:
A teoria mais aceita diz que os côndrulos seriam a poeira que ficava mais próxima ao Sol e que, quando ele começou a produzir calor acabou derretendo e formou pequenas gotículas que depois foram sopradas pelo vento solar e acabaram se resfriando e se misturando com o resto da poeira e com os flocos de metal (que originaram a matriz dos meteoritos). Outra teoria mais recente diz que o aquecimento também pode ter ocorrido devido a indução de correntes elétricas na poeira (que tinha alta resistência e por isso aqueciam) devido ao forte campo magnético do Sol. Mais estudos estão sendo feitos, mas é possivel que ambos os efeitos possam ter ocorrido.