A História do Monitoramento de Meteoros no Brasil

Esse artigo descreve as primeiras iniciativas de motoração de redes de meteoros no Brasil.

quinta-feira, 25 de agosto de 2022

O relato mais antigo e importante sobre a atividade de monitoração de meteoros no Brasil ocorreu em 2006, quando a pesquisadora e curadora de meteoritos do Museu Nacional do Rio de Janeiro, Dra. Maria Elizabeth Zucolotto, instalou uma câmera all-sky na cidade do Rio de Janeiro. O objetivo da Dra Zucolotto, uma das principais autoridades em meteoritica no Brasil, era incentivar a criação de uma rede de cameras allsky para o registro de bólidos e posterior recuperação de meteoritos.

Em 2008, incentivados pelo trabalho da Dra. Zucolotto em um encontro de astronomia no pais chamado ENAST, um grupo de astrônomos amadores do CASP  (Clube de Astronomia de São Paulo), liderado pelo astronomo amador André Izecson, instalou uma rede de duas estações de cameras all-sky. Sendo a primeira instalada em Campos do Jordão/SP e a segunda estação na cidade de São Paulo/SP.  No mesmo ano foi instalada uma câmera all-sky no Observatório Sonear em Oliveira-MG por Cristóvão Jacques.  Também em 2008, esse grupo de pessoas, juntamente com o astronomo amador Antônio Coelho, publicaram o primeiro artigo sobre redes de meteoros denominado “Criação de uma rede brasileira de câmeras de video automáticas para observação de meteoros” no 8 Encontro Nacional de Astronomia (ENAST)  [1] com a proposta de criação de uma rede nacional que seria coordenada pela REA [2]. A proposta dessa rede já estava voltada para o estudo de meteoros e possíveis radiantes.

Mesmo com a iniciativa pioneira deste grupo, apenas poucas cameras all-sky a serem citadas a seguir foram instaladas nos anos subsequentes. Em 2009, instalada na capital federal Brasília-DF, por Marcelo Domingues do CASB. Em 2011, instalada na cidade de São Paulo- SP por Denis Zogby. Também em 2011, foi colocado em operação uma nova estação em Brasília por  Carlos Bella. Naquele ano foi criado um outro projeto de monitoração de meteoros em Campos dos Goytacazes pelo CALC (Clube de Astronomia Louis Cruls). Finalmente, em março de 2013, o astronomo amador Marco Mastria iniciou alguns testes utilizando uma camera all-sky instalada em seu observatório para realização de estudos esporádicos de meteoros. Neste mesmo periodo, Eduardo P. Santiago iniciou testes com a utilização de uma câmera planetária adaptada com lente de grande ângular e software de registros primários.

Para resumir, foram instaladas as seguintes câmeras para estudo de meteoros em ordem cronológica:

  1. 2006 - Rio de Janeiro/RJ - MN - primeira all sky camera - Maria Elizabeth Zucolotto

  2. 2008 - Campos do Jordão/SP - CASP - Andre

  3. 2008 - São Paulo/SP - CASP - André Izecson

  4. 2008 - Oliveira-MG - Cristovão Jacques

  5. 2009 - Brasilia/DF - CAsB - Marcelo Domingues

  6. 2010 - São Paulo/SP - CASP - Denis Zogby

  7. 2011 - Brasilia/DF - Carlos Bella

  8. 2012 - Campos dos Goytacazes/RJ - CALC Clube de Astronomia Louis Cruls

  9. 2013 - Mogi das Cruzes/SP - Marco Mastria

  10. 2013 - São Sebastião/SP - Eduardo P. Santiago

Apesar do importante pioneirismo que deve ser destacado e que pavimentou o surgimento da BRAMON, essas cameras ainda não operavam de maneira organizada e integrada. Não permitindo, por exemplo, a realização de análises unificadas de órbitas dos meteoros, detecção de novos radiantes e contribuindo, efetivamente, para a geração de dados e conhecimento científico.

 

Início da Rede Brasileira de Observação de Meteoros BRAMON

Em meados de 2013 os astronomos amadores André Moutinho, Carlos Bella, Eduardo Santiago e Renato Poltronieri iniciaram contato com o propósito de criação de uma rede de observação de meteoros no Brasil.

 

Em dezembro de 2013Eduardo Placido Santiago procurou a UKMON (Rede de monitoramento do Reino Unido) através de Richard Kacerek, com o objetivo de obter informações sobre a operação da rede britânica. Através deste contato, foi encaminhado para a EDMOND (Rede Európeia) para ajudá-lo a dar forma a iniciar efetivamente uma rede no Brasil para levantamento das chuvas e radiantes de meteoros. Desta maneira, foi iniciada então uma parceria entre a rede brasileira com a EDMOND, através de Roman Piffl e Jakub Algo Koukal. Jakub se tornaria o maior colaborador operacional da rede que se criaria.  Inicialmente a denominação desta rede era REMIM.

Com esse importante apoio, Andre Moutinho criou um grupo aberto e sem fins lucrativos, que atualmente é o grupo da Bramon no Facebook, com o objetivo de agregar todos os possiveis interessados na criação da rede nacional e convidando diversos astronomos amadores, que já eram seus conhecidos como o Marcelo Domingues, Cristovão Jacques e Marco Mastria e que já haviam iniciado atividades com redes de monitoração de meteoritos.  A ideia do Andre foi aproveitar aquele momento especial para consolidar todas as forças existentes de criação de uma rede em em um único local.

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A rede foi inicialmente nomeada BRMON por André Moutinho, em analogia à rede britânica UKMON, e logo BRAMON, por sugestão da inclusão do A pelo astrônomo  Julio Lobo do observatório de Campinas.

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Em seguida Eduardo Santiago auxiliou a instalação de uma nova estação na cidade de Nhandeara-SP de Renato Cassio Poltronieri.

O primeiro pareamento de meteoros de estações da BRAMON ocorreu em 25 de janeiro de 2014, após o estabelecimento da estação em Mogi das Cruzes - SP de Marco Mastria, que se juntou à estação de São Sebastião de Eduardo Santiago. A primeira triangulação brasileira foi a partir destas estações. [3].

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O aparecimento de um segundo par de estações aconteceu com a reativação da camera all-sky da estação Sobradinho de Marcelo Domingues que, formando um par com a estação Samambaia de Carlos Bella, também no Distrito Federal. Estas duas estações registraram o seu primeiro pareamento em 29 de janeiro de 2014.  

Após uma divulgação no site Apolo11.com de um bólido em 12 fevereiro de 2014, a rede alcançou uma visibilidade maior e mais operadores iniciaram estações de monitoramento. A divulgação no Facebook passou a colaborar como ponto de encontro para o desenvolvimento das atividades da rede que começava a ganhar forma através de alguns participantes para organizar os trabalhos, e com os novos integrantes passou a ser chamada de BRAMON. Também se seguiram outras divulgações como Astronomia ao Vivo e uma apresentação no  7º IMMA.

  

O desenvolvimento de estações desta rede então se procedeu além do planejado, com ênfase nas áreas de sobreposição de áreas de estações individuais, e adquirindo assim pareamento das trajetórias dos meteoros. Dali em diante outras estações foram estabelecidas, consolidando  a rede nacional de observações meteoros no Brasil, conhecida como Bramon, integrando o banco de dados EDMOND, como uma entidade independente. Como a principal caracteristica da rede era o voluntariado, as atividades pertinentes à organização da rede foram realizadas com o trabalho dos operadores nela agregados.

A seguir a lista das estações ativadas na rede em 2014, considerando o mês da primeira captura validada.

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A principal influência da organização Bramon foi a partir do contato com a Rede Europeia representada por seus membros Richard kacerek (UKMON), Jakub Koukal e Roman Piffl (EDMOND-CEMENT), pesquisadores ativos que ajudaram a trazer suporte técnico, doação de equipamentos e materiais de estudo sobre as capturas e análises das trajetórias de meteoros e também compartilhar o conhecimento já desenvolvido em especificações câmeras CCTVs, softwares e tutoriais.

[1] Artigo Criação de uma rede brasileira de câmers de video automáticas para observação de meteoros http://www.astrocasp.com/pesquisa. Acessado em 02/08/2015

[2] REA-Rede de Astronomia Obsevacional: http://rea-brasil.org/. Acessado em 02/08/2015

[3] Reportagem sobre o pareamento: http://www.apolo11.com/cometa_73p.php?posic=dat_20140214-110507.inc. Acessado em 02/08/2015